quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

"Teus olhos"

"Olhos do meu Amor! Infantes loiros que trazem os meus presos, endoidados!Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.Neles ficaram meus palácios moiros,Meus carros de combate, destroçados,Os meus diamantes, todos os meus oirosQue trouxe d'Além-Mundos ignorados!Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas...Enigmáticas campas medievais...Jardins de Espanha... catedrais eternas...Berço vindo do Céu à minha porta...Ó meu leito de núpcias irreais!...Meu sumptuoso túmulo de morta!..."
(Florbela Espanca)

"Desejo"

"Quando a noite cai
vejo fechar os teus olhos
olho para a tua pele morena
com o teu corpo banhado pelo luar..
Alcanço-te suavemente com a minha mão
toco a tua face, o teu peito, o teu sexo
violo a minha sanidade
como eu te desejo...
Com este grito abafado eu te chamo
Fecho os meus olhos
Aperto a tua carne contra a minha, o teu sexo contra o meu!
Acordas com um sorriso e no silêncio dizes
as palavras que eu sempre quis ouvir:
"Sou tua e Tu és Meu"..."
(R.D.)

"Luar"


"O Luar enche a terra de miragens
e as coisas têm hoje uma alma virgem.
O vento acordou entre as folhagens
Uma vida secreta e fugitiva,
Feita de sombra e luz, terror e calma
Que é o perfeito acorde da minha alma."

( Sophia de Melo Breyner Andresen)